Apresentação
Promover o conhecimento como «felicidade pública» foi um dos propósitos de Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas (1 de Março de 1724, Lisboa – 1814, 26 de Janeiro de 1814, Évora) e queremos celebrar esse intento no ano em que se festeja o Tricentenário do seu nascimento.
Manuel Martins, assim era o seu nome de baptismo, nasceu numa família humilde. O talento para o estudo das primeiras letras na Congregação do Oratório não o deixaram passar despercebido. Professou no Convento da Ordem Terceira de S. Francisco, em Lisboa, em 1740, e nesse ano partiu para Coimbra onde cursou Filosofia e Teologia e se tornaria Lente aos 25 anos. Em 1750 realizou uma viagem, por terra, a Roma para participar no Capítulo Geral da sua Ordem, acompanhando Frei Joaquim de S. José. Nesse périplo, que o marcaria para toda a vida, conheceu grandes bibliotecas: a Biblioteca Real de Madrid; a Casanatense, a Vaticana e a Sapienza, na Cidade Eterna; a Ambrosiana, em Milão; e a Accademia Delle Scienze, em Bolonha. O manancial de conhecimento que observou fê-lo desejar que existisse algo semelhante em Portugal. A função pedagógica das Bibliotecas-Museus, dos Gabinetes de Curiosidades, a nova visão do Património que trouxe para Portugal ligando os artefactos ao futuro da memória e da fruição para todos, o persistente amor aos livros, a diversidade de interesses contemplando o erudito e o popular, o apego pelos vestígios arqueológicos e o pioneirismo do desenho, são algumas das áreas pelas quais derramou o seu saber. Personalidade poliédrica, figura do Iluminismo Católico, homem da confiança do Marquêsde grande responsabilidade e relevo como Conselheiro do Rei, Perceptor do Príncipe Herdeiro, Provincial da Ordem Terceira, Presidente da Real Mesa Censória, Presidente da Junta da Providência Literária. Esteve na génese de algumas das Bibliotecas mais importantes do nosso país como a do Convento de Jesus / Academia das Ciências e da Biblioteca Nacional. Nomeado primeiro Bispo de Beja, em 1770, apenas irá residir para aquela cidade em 1777, com a subida ao trono de D. Maria I, que muda os protagonistas de então. Ali desempenhou uma notável acção pastoral. Pioneiro no domínio da Arqueologia, bastando ter em conta a sua acção em Tróia, Miróbriga e Sines, foi também pioneiro na área da Museologia abrindo a sua colecção ao público sob a designação de Museu Sisenando Cenaculano Pacence em 15 de Março de 1791, instituição que está na origem do actual Museu Rainha D. Leonor, em Beja. |
António Augusto da Costa Mota
Busto de Frei Manuel do Cenáculo, 1904 Gesso Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo ME 604 (© créditos fotográficos: MMP/MNFMC) Em 1802 foi nomeado Arcebispo de Évora para onde trouxe a parte mais significativa das suas amadas colecções de livros e manuscritos, Arte, Arqueologia, Naturalia, entre outras. Criou a Biblioteca Pública de Évora onde existiram gabinetes com parte das suas colecções estando na base do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo. Foi uma figura corajosa e eminente quando viu a cidade e os seus bens serem pilhados pelas tropas francesas, comandadas pelo general Loison, em 1808. Personalidade riquíssima e ímpar deu origem, ou ajudou a dar origem, a várias instituições que se encontram vivas no nosso país para a «felicidade pública» de todos nós.
|
Comissão Científica
António Carvalho
António Gil Malta Ausenda Cáceres Balbino Francisco Lourenço Vaz João Brigola Joaquim Caetano José Alberto Machado Manuela Domingos Maria João Pereira Coutinho Miguel Figueira de Faria Miguel Telles Antunes Sandra Leandro Teresa Vale Zélia Parreira |
Autor desconhecido
Baixo relevo de Ménade, época de Augusto (atr.) Século I - II Mármore, 22 x 17,5 cm Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo ME 1703 (© créditos fotográficos: MMP/MNFMC, José Pessoa) |
Na imagem de capa
Autor desconhecido
Dente de narval, data desconhecida
Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
ME 3416
(© créditos fotográficos: MMP/MNFMC, Luísa Oliveira)
Autor desconhecido
Dente de narval, data desconhecida
Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
ME 3416
(© créditos fotográficos: MMP/MNFMC, Luísa Oliveira)